Gilbertos Come Bacon, o CD homônimo de estreia do grupo formado em Planaltina - cidade satélite de Brasília – no ano de 2003, da as caras com letras “encruadas” em problemas sociais como os de infraestrutura, política e violência. Temas, que infelizmente, apesar de recorrentes, não caem no clichê, justamente em razão dos G.C.B. destacá-los com inteligência, e, uma sonoridade rica, que se funde a elementos da cultura Brasileira com rock, hardcore, e ska. Rabicore como o próprio Gilbertos prefere intitular, não se apegando a rótulos.
Não tão somente as letras, os arranjos são outro ponto de destaque. A sonoridade rabicore do grupo é valorizada pela percussão visceral que embala o produto final, fazendo-se presente em todas as faixas.
O ótimo CD pode ser encontrando no site da GRV (clique aqui) ou no Submarino (aqui).
Formação: João Angelini (voz e pandeiro), Eduardo Cayrã (voz e percussão), Moisés Crivelaro (guitarra e MC), André Valente (baixo, trompete e acordeão), Camila (baixo), Fábio Baroli (percussão), Luamar Ronan (percussão) e Márcio Mota (bateria e percussão).
Faixa a Faixa:
Cadáveres Ambulantes: A canção que abre o disco com um arranjo que lembra trilha sonora de filmes de ficção científica dos anos 50, reflete sobre a nossa posição no mundo, e as angústias que afligem a sociedade. “…mas estar aqui, agora, é a prova que estou vivo. Meu coração tá batendo, mas continuo indeciso, não estou sozinho neste barco. Todo mundo é um cadáver…”
Minha Casa: Canção pesada que atribui ao nosso corpo o status de casa, problemática e que nos acompanha a todo instante. “…minha casa é minha casa, o meu sangue é minha casa. Minha casa sente frio, fome, preconceito e um monte de raiva”.
Boca Suja: Hardcore acerca do nosso poder de se comunicar, naturalmente se expressando através do palavrão e da indignação. “…grita! grita, boca suja o palavrão! Vomita dores! a boca que fala é a idéia que explode, regurgita…”
Sorriso de Plástico: Som cadenciado pela levada do pandeiro e pela linha de baixo. Já que você veio ao mundo, saia da proteção de sua mãe e seja uma pessoa útil ao mundo. “…se tudo é mãe e filho, qualquer coisa que eu perca é aborto. Mas, se tu achar, ressurreição. Pega aí o meu sorriso que caiu no chão…”
Adulteraram: Black music com pitadas de regionalismo. Versa sobre a nossa luta diária pela sobrevivência e sustento, preservando a dignidade e a honestidade. “…o sistema, sim, é quem te impõe ser destro. Isto é um exemplo, não nasce com você, não aprenda o ruim, pratique pra aprender, adulteraram o que chamamos de poder…”
Sem Verdade: Um baião rock que brinca com a semiótica, mentiras e verdades. Tudo pode ter vários significados, o que vale é a interpretação. “…fizeram o favor de dizer que tudo é complicado, e que metade é feita de caô, muito complicado…”
Piolho: Ska com participação de Tom Zé; a canção é uma metáfora ao mundo político que se enriquece, nos maltrata e se mantém graças ao sistema hereditário. “…seus filhos virão mais tarde garantir o vai-e-vem. Ovo que botou ontem hoje se torna gente, sede individualista que deixa o povo doente…”
Queda Livre: Outro ska que celebra a verdadeira vida, levarmos “tombos” é uma coisa normal, nos resta a integridade e levantar de cabeça erguida. “…se sua vida escorregar de sua mão. Destino é cair, quebrar, se esparramar no chão. Mentira é frágil, não aguenta a queda e vai embora…”
Gilbertos: Regionalista e pró-cultura, uma canção contra aqueles que só valorizam o american way life em detrimento ao que é produzido no seu país. “…é ser igual a gringo pra ter consideração. Vestir, comer, falar, sorrir, igual a toda raça nobre e condenar peão que gosta de ouvir pagode…”
Dómarrom: Rock que valoriza elementos nordestinos, ao ouví-la rapidamente, soa sem sentido, mas não, celebra indivíduos que superam as críticas e seguem em frente. “…ele nem ligava, fingia que não ouvia e cagando e andando apenas continuou…”
Site oficial aqui
Próximo show:
O Gilbertos Come Bacon se apresenta com o Matanza, no Arena Futebol Clube, dia 25/10. Saiba mais aqui.
2 comentários:
Boa banda!
Hoje em dia é raro uma banda que ainda se preocupa em abordar temas políticos e sociais em suas letras. Super legal isso da parte deles.
Carlos Henrique.
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