Ao acompanhar uma discussão no post sobre o 2º Festival Torneira Mecânica, publicado no site rockbrasilia, percebo o quanto é fácil cairmos na armadilha do senso comum. Várias idéias pipocam sobre o problema do rock na cidade e nenhuma delas aponta para soluções, simples como o corporativismo.
A falta de co-relação mostra que a cooperação no rock é pura utopia, pois os múltiplos estilos que deveriam criar conexões a desvirtua. A galera do heavy metal não quer tocar com a do punk, que daí não quer a do pop/rock, que rejeita o hardcore, e por aí vai.
O rock, por ter essa faceta variada, deveria aprender a conectar, a conversar, tudo deveria ser rock. E se um estilo não te agrada, agrada aos outros; a palavra de ordem é respeito. Só assim o rock na cidade pode voltar a ser grande.
Em Brasília, na década de 80 tínhamos a celebração; na década de 90, a festa. Os anos foram passando até entrar em 2000. O degradê dessa linha do tempo foi do branco à escuridão total, decepcionante. Um exemplo: a ascensão desequilibrada de bandas covers quase exterminou o trabalho autoral na cidade. O público se desacostumou a escutar música nova feita pelas bandas e artistas locais.
O público dos anos 80 aos tempos atuais foi reduzindo, pois acabou seduzido por outros estilos musicais. E o rock não soube se reinventar e se manter na cena. Testemunhamos eventos vazios e estacionamentos lotados de jovens que só se preocupavam com o grande "bobódromo", e não com as bandas. O fim da picada!
O intuito desta carta é justamente provocar uma discussão que possa apontar caminhos novos para o rock independente. Qual atrativo está ausente nos shows? O que o público gostaria de escutar? Quais os estereótipos que precisamos quebrar? O debate deve ocorrer entre produtores, bandas e público, abertamente, sem nenhuma barreira. Se não somos mais a capital do rock, pelo menos somos saudosos do nosso título.
Existem muitas pessoas cheias de idéias muito boas, mas é hora de começar a agir. Traçar uma estratégia realmente boa para revitalizar a cena. Idéias?
"Rock n'roll não é o que se pensa e o que se pensa não é o que se faz, o que se faz só faz sentido quando vivemos em paz." Engenheiros do Hawaii – “Desde Quando?”
Por:
Cristiano de Queiroz - www.narotadorock.com
Tamara Goes - www.rockbrasilia.com.br
Marcos Pinheiro - www.cult22.com.br
13 comentários:
O Rock de Brasília precisa mais do que "apenas" o desfibrilador Marcos Pinheiro. Precisa de identidade. Precisa atrair as pessoas...
Acho q o Porão deste ano foi bem de público, mas sempre precisando de "headliners" off-Brasília.
Não vejo uma banda de Brasília com capacidade de atrair mto público para um grande festival. E, antes que falem, Capital Inicial não é mais de Brasília. Banda de Brasília tem q morar em Brasília!!
Abraços,
Daniel Farinha
bem sou da cena do HC/metal de Brasilia e acho oque falta e mais organização da proprias bandas em fazer festivais. nos anos 2000 existiu muito o esperar chamarem pra tocar mas poucas bandas se mobilizaram para produzir os proprios show. teve tambem a cena cover que emgoliu as bandas autorais mas que todo mundo dava apoio. reclamavam que so tinha show cover mas na hora lotavam a casa.
acho oque falta mais e mobilização das proprias bandas. temo um grande exemplo que é o poram que foi a mobilização de varias bandas e com organização são oque são hj! deverias aparecem mais porões em BSB. somos carentes de shows. e ate os undergrounds estão meio parado. mas é isso ai, independente de estilio falta as proprias mandas se mecherem para movimentar o rock de bsb, como era antigamente.
No meu blog tem um post sobre o mesmo tema chamado Independência ou Morte! que mostra porque algumas bandas conseguem nos dias de hoje fazer eventos de sucesso.
Acho que as bandas de Covers mataram quase a totalidade do que tinha de bom,
sem citar nomes, O ou Os "espertalões" usaram a molecada para fazer dinheiro facil, e acabaram com a criatividade da nova geração.
e para completar veio a onda EMO para terminar de implodir o rock da cidade.
hoje em dia, o rock do DF para mim se resume a ir ao porão encontrar os velhos amigos, e alguma coisa esporadica como bandas "das antigas" pelo mesmo motivo citado acima,ou ainda esse show desse tipo do helmet que vai ter.
sair de casa para outros shows, é me sentir um idoso no meio de meninos emo de 12 a 15 anos.
as bandas de brasilia tem q se unirem e nao ficar tentando apunhalar as outras.isso é o q eu mais vejo aqui nessa cidade.acho q isso tem muitoa ver com a queda do rock aqui em brasilia.
Bem, este post vai dar pano para muitas mangas. Não sou de BSB, vim morar aqui em abril de 93, morava em SP, e lá o que rolava é que aqui no DF o negócio é rock, então a cidade ganhava o título de capital do rock.
Morando aqui a 15 anos percebi q não é bem assim, mas tbm não é bem assado, claro que quem viveu aki nos anos 1980 deve sentir uma raiva danada, mas é complicado, muita coisa mudou, e o DF não ficou fora disto, e este problema vai muito mais além das fronteiras do quadradinho goiano no meio do Brasil, podem ter certeza...
Agora uma coisa é certa, o Rock pode até agonizar, mas não vão matá-lo nem tão cedo, ele ainda vai causar muito estrago, EMO's a parte o bom e velho Rock sempre estará de pé, aqui ou em qualquer lugar onde cabe a rebeldia da juventude...
Eu acho que o que desanima nos shows daqui é o amadorismo na organização. O pessoal muitas vezes confunde show underground, alternativo, com coisa porca e mal-feita, o que acaba afastando gente mais velha ou mais exigente... Também tem o preconceito entre os estilos diferentes, é um saco ir pra festival e ficar horas ouvindo o mesmo tipo de som, por mais que se goste dele.
Caros,
Rock em Brasília sempre foi uma coisa complexa, desde que eu comecei a frequentar os shows em meados da década de 90. Sempre se falava: não tem onde tocar, o pessoal faz panelinha, e aquele bla bla bla que todos estamos acostumados a ouvir.
O que eu gostaria de compartilhar, vai de encontro com parte da opinião do post feito no blog. Precisamos discutir e entender o que está acontencendo com a cena musical de Brasília, e alias, do mundo todo. É fato que a grande maioria dos donos de casas de shows não abrem mais espaço para bandas autorais. Mas também é fato que hoje é muito mais fácil fazer um show de rock do que na década de 80, quando bandas como Legião e Plebe Rude colocaram Brasília no mapa do rock.
Mas existe mais um detalhe, como se faz shows de rock sem grana? Pois é fato que a Secretaria de Cultura do DF raramente apoia eventos de rock e as empresas da cidade normalmente não querem colocar seus nomes associados ao rock (talvez por preconceito).
Fechando esse comentário, que parece mais um outro post, gostaria de elogiar atitudes como produzir um blog, um programa de rádio, um zine, shows, bandas e afins. Mas gostaria de pedir a todos que ao inves de ficar apenas reclamando, tire a sua bunda da cadeira e faça algo, discuta, apresente sugestões. Pois a única coisa que vejo é o público reclamando e não comparecendo aos shows das bandas da cidade e as bandas de Brasília, pela necessidade de tocar, vão para fora do DF, e lá elas são reconhecidas e aclamadas...
Tem alguma coisa errada com Brasília ou com o público fora?
vi gente falando aqui da qualidade e amadorismos dos show. tenta fazer um show bom sem grana. atitude muita gente tem pra fazer shows mas sem grana para alugar equipamento bom é foda!
mas tudo pelo rock. ja fui em eventos em altos lugares que nego pegava ampli emprestado pra poder fazer o show. aqualidade ficava um lixo ma so show acontecia. o que falta é apoio, mas vontade e de fazer acontecer muita gente tem mas acaba desanimando fazer o evento por causa da falta de grana em fazer o minimo.
é oque vem acontecendo as bandas como aminha (KAnela Seka) junta com mais outras 2 ou 3 e produs os proprios shows. nâo estamos esperando alguem chamar pra tocar vamos la e tamo e metendo as cara pra fazer show. so assim agente faz a nossa parte pela cena.
as bandas deveriam fazer isso e temos grandes exemplos desse tipo de projetos feitos por bandas e o caso do atividade subversiva da banda sub-versão. eles fizeram ate a edição 6 do evento e sempre com casa cheia. oque falta é mesmo atitude das proprias bandas.
Robson,
Concordo com você. Tenho uma banda (High High Suicides) e uma produtora (Torneira Produções). A produtora surgiu da necessidade de tocar e fazer/ver shows legais. e é foda conviver com isso em Brasília, pois todas as bandas de fora de Brasília que vem tocar conosco, dizem sempre a mesma coisa: - Não entendo como um show legal como esse, com som bom e boa produção não tem muito público...
Enfim, acho que devemos tentar criar novamente a cultura do show de rock em Brasília, como era nos anos 80 e 90.
Alguém se arrisca?
É NOIS!!! SE PRECISAR SÓ CHAMAR.
Eu acho que o Rock de Brasília está em declínio por que os próprios rockeiros não vestem a camisa, quando a vestem não a honram!!! Eu sou rockeiro desde qundo me entendo por gente, mas tem gente que me pergunta (querendo me tirar da cena), pq eu gosto tanto de rock se sou carioca (deveria ser pagodeiro)??? Se eu sou negro, pq eu gosto tanto de rock??? Essas são as perguntas que me fazem, sei que muitos de vcs já ouviram algumas delas ou piores, mas eu vou continuar...
....Eu acho que rock autoral não dá dinheiro, pq vc não monta uma banda de baile???
...Eu acho que as bandas de rock de Brasília já morreram, pq vc ainda acha que Brasília é a capital do rock???
...O tipo de música que vc toca está ultrapassado, a nova onde é @#$@$, pq vc não entra nela???
Bem meus amigos, sou um carioca criado em Brasília, quando eu morava no Rio, ou vc era sambista, ou era rockeiro (não tinha funk), o rock deriva do blues (que é um ritmo negro), eu amo rock autoral pq é a única chance de mostrar o que EU faço, Brasília é a capital do rock pq ainda hoje esxistem pessoas que montam as suas bandas (não vou comentar a qualidade delas) e, finalmente, a minha influência é de bandas mais antigas quando se fazia rock de verdade e o jabá não era tão popular.
Eu visto e honro a camisa do rock, autoral e de Brasília, e vcs????
Como diria meu caro amigo Bernardo Scartezini: "O rock de Brasília cabe no Gate´s", e é por aí mesmo. O problema não está apenas com o rock da cidade, e sim, com o rock enquanto estilo. As pessoas já não se fascinam mais. Quem frequenta os shows das bandas independentes da cidade são as figuras de sempre, quem respira rock o dia todo. É tudo uma questão de moda também. Infelizmente o rock não está mais na moda em Brasília como nos anos 80 e início dos 90. Acho que temos que continuar nosso trabalho de formiguinha e ter paciência. Um hora as pessoas podem voltar a ter interesse pela cena, e aí voltaremos a ver os shows lotados. Enquanto isso, convido a todos para o festival Na Rota do Rock Brasília. Beijo forte.
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