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A Granja do Torto, em sua XVI edição da feira de Exposição Agropecuária de Brasília recebeu em seu palco na última sexta-feira (24/04) o Capital Inicial. A banda que apresentou pela segunda vez na cidade o show de divulgação do seu cd/dvd Multishow Ao Vivo, ratificou uma impressão: no palco, estão cada vez melhores e entrosados.
Segundo o vocalista Dinho Ouro Preto, o público era de sete mil. Talvez em função do espaço do show ser imenso, a impressão era de que esse número era menor. Geralmente os eventos na Granja contam com uma platéia enorme, mas creio que as fortes chuvas que açoitaram a cidade durante todo o dia, concatenadas a horas de engarrafamento no fim do expediente foram um fator determinante para o desânimo. Bem, só posso dizer uma coisa, perdeu quem não compareceu!
Um comentário na platéia antes da apresentação me chamou a atenção: “– O show do Capital Inicial é igual assistir a um episódio do Chaves, você se diverte pra caramba, mas sabe tudo o que vai acontecer, inclusive as falas do Dinho no intervalo das canções são as mesmas”. Dessa vez então, rolou o oposto, o Seu Madruga, além de não apanhar, ainda bateu na Dona Florinda!
O vocalista Dinho estava a postos com seu carisma peculiar, mas seu discurso reto e completamente previsível não estava lá. Dinho assim como o resto do Capital, estava livre, leve e solto do script convencional durante as duas horas de apresentação.
A uma da matina o Capital pisa no palco tocando “Mais”. Dinho capricha no encore durante a apresentação, entretendo ao máximo o público. Na quarta canção, “Como Devia Estar” o vocalista diz que é ótimo tocar novamente em Brasília e relembra que desde o retorno do grupo eles já fizrem mais de 1.000 shows. Em “Olhos Vermelhos”, rolou uma briga entre mulheres, Dinho com uma expressão de espanto soltou: – Caramba! É uma briga de mulheres cara! Mesmo sendo de mulheres pode brigar não, estamos aqui pelo rock’n’roll. Tumulto contido, a banda foi em frente! Devia ser duas “abestadinhas”, das muitas que estavam lá por causa do vocalista e não por causa da música. Lamentável! Chegamos a número dez do set, “Primeiros Erros”, o vocalista novamente derrete-se pela cidade, fala do poder da música e diz que quer ver as sete mil pessoas com os braços para o alto. Messiânico! Na décima terceira, “Fátima”, Dinho perguntou quantos ali moravam no Plano Piloto?. A resposta serviu para retificar seu discurso que Brasília estava muito modificada e deixara de ser apenas um avião. Que alguém precisava contar essa história, da cidade, das entrequadras e do rock da cidade. Chegou a hora clássica de falar mal da política, inclusive dando nome aos bois como Renan Calheiros, Collor entre outros e emendar “Que País é Este?” para loucura do público. O vocal comenta sobre o aniversário de um ano da gravação do cd/dvd na Esplanada. Relembra que foi assustador e maravilhoso. Fala das bandas fodas que nasceram na cidade e o grupo emenda a décima quinta: “Mulher de Fases”.
Chuva de papel picado brilhante, o Capital encerra sua primeira participação e despede-se do público sorridente. É hora do Bis, na décima nona, a belíssima “Fogo” hipnotiza a todos. Chegou a hora de “Veraneio Vascaína”, Dinho relembra a rebeldia de Renato Russo, que havia pichado Aborto Elétrico em um elevador do prédio aonde morava na Asa Sul. Que a pichação persistia até hoje e que ainda tem gente que teima em afirmar que Brasília não tem história. Fim de papo, o vocal dialoga com algumas pessoas na platéia. Exalta o rock e emenda com uma versão capela para “I Wanna Be Sedated” (Ramones). Excelente encerramento! Um presente a todos que dançaram e cantaram com o grupo naquela madrugada fria.
O vocalista Dinho Ouro Preto em minha opinião representa um papel importantíssimo no mundo rock, primeiro, junto com o Capital nos anos 80, protestava e se fazia ouvir através de suas músicas por um mundo melhor. Agora, continua importante ao desfilar camisetas de bandas como AC/DC e KISS e fazer um discurso pró-rock. Os adolescentes precisam de um norte para descobrir seus caminhos junto a música, e Dinho os instiga a buscar o conhecimento. O Capital desde seu retorno passou por um momento de letras leves, diluídas por temáticas de grupos sem sentido como NXZero, CPM22, dentre outros. No novo álbum a ser lançado em 2010, espero que o vocal e companhia nos presenteiem com um cd forte, que inclusive, pode inspirar-se no set deste Multishow Ao Vivo.
Leia aqui o artigo de nossa amiga e colaboradora Dijanira Goulart sobre o show e o evidente encontro de gerações no mundo rock.
Setlist:
01. Mais
02. O Mundo
03. Independência
04. Como Devia Estar
05. Geração Coca-Cola (Legião Urbana)
06. Boulevard of Broken Dreams (Green Day)
07. Não Olhe pra Trás
08. Eu Nunca Disse Adeus
09. Olhos Vermelhos
10. Primeiros Erros (Kiko Zambianchi)
11. Algum Dia
12. A Vida é Minha
13. Fátima
14. Que País é Este?
15. Mulher de Fases (Raimundos)
16. Quatro vezes Você
17. Natasha
18. À Sua Maneira
Bis:
19. Fogo
20. Veraneio Vascaína
21. Dinho em versão capela para I Wanna Be Sedated (Ramones).
Curta abaixo um slideshow das nossas fotos:
Clique uma vez para ver a foto em tamanho natural.
Crédito das fotos: Cristiano Porfírio
Gostaria de agradecer ao Wellington Serino por anotar ao setlist, Dijanira Goulart por produzir o artigo e a assessora de imprensa Bruna Marques pela sua atenção.
LINKS:
* Review sobre o último show na cidade em 08/11/08 (clique aqui).
* Review sobre o show histórico na Esplanada no aniversário de Brasília (clique aqui).
4 comentários:
Cara, lamentei muito não poder ir ao show do Capital pois estava em viagem de trabalho no Rio. Deve ter sido mesmo um showzaço.
Mas lamento também essa mania que algumas mulheres tem de jogar calcinhas em shows onde tem alguém que elas acham bonito. Para mim, isso significa dizer que essas garotas não vão pelo show, pelas músicas e sim pelo cara que elas acham bonito.Marca de quanto essa geração não tem nada na cabeça, apenas com poucas excessões. Além é claro de ser um claro sinal também de uma insinuação sexual, não é nem sensual, é sexual mesmo. Ou seja, elas querem dizer que iriam para a cama com ele, só porque é o Dinho do capital. Porque tem dinheiro, é famoso e tal... . Cara, lamentável.... Coisa de gente baixa e vagabunda...
Quanto ao artigo escrito pela Djanira, não concordo que não lotou porque era um evento sertanejo. Quem gosta de música sertaneja, gosta de outros estilos também. Talvez tenha acontecido o que o Cristiano falou, das chuvas, trânsito e tal...
Carlos Henrique.
O que acontece é que elas vão ao show do Harmonia do Samba e jogam suas calcinhas para o cara lá, e acham que indo ao show do Capital tem que fazer a mesma coisa. Só que ali, temos uma banda de qualidade e artistas de qualidade ,enquanto que no caso do Harmonia as letras não dizem nada com nada e só estimulam a vulgaridade.
É Carlão! A vida de artista não fácil!
Aquele abraço!
Tanto é verdade, que várias vezes quando tem um show de rock em agropecuária, lota. Enfim, acho que se não lotou, é por conta de qualquer outro motivo, mas não por esse.
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